Testo Besta Fera

Testo Besta Fera

Me despedi da jogatina e debandei do local
Bebi todas no dia, não comprei Sonrisal
Foi me dando azia, a carteira vazia
Calafrios eu sentia, subindo a espinha dorsal
Dei partida no carro, acendi um cigarro
Eu cuspi um catarro, pus a primeira e saí
Ao dobrar a esquina, acabou a gasolina
Já são três da matina, deixei o carro e segui
Era uma noite tão formosa e eu não via ninguém
Ruas desertas, tô alerta e paranoico, também
Mas deixo o medo de lado e pego mais um Marlboro
Antes de botar fogo, tenho um mau agouro
De repente, do outro lado da calçada
Um sujeito surge, tipo alma penada
Ele me diz: "ô, Zé Mané, manda um cigarro pra cá!"
Eu só respondo: "tem coragem? Então, venha buscar"

Vem, que eu já tô na febre
Na zica, mais de mil fitas
Na mente, até Deus duvida
Não espere que eu pegue leve
Ah, é? Cê não consegue se livrar de mim, sou breck
Se envergue e caga logo na minha mão, seu moleque!
Na mão? Cê quer na mão? Vai ser mão na sua cara
Troco soco e tapa, mirando o seu nariz
Treta é treta, mata ou morre, homem não corre
Troca até umas horas e pede bis
Ah, tá! Cê é valente, então, é, viu onde veio parar?
Nessa escuridão, pra onde eu vou te arrastar
Sou seu mal-estar, não pode fugir, vai ter que lutar
Cê preferiu estar no inferno do que no seu lar
Quem é você? Sou eu!
O que você quer? O seu!
Como é que é? Você mereceu, vim fazer seu mal!
Por quê? Olha pra sua vida como está
Parou de pensar, derrotado, só falta empurrar
Está caído, vou pisotear, te bater, espancar
Pra machucar e receber o que você tem que pagar
É treta! E eu não me rendo
Na luta, eu tô sangrando
Caiu! Tô levantando e lutando até o final
Fodeu!!! Tô lento na luta, levando uma surra
A cada soco na cara, para, parece tortura
A noite escura, nóis na calçada
Na madrugada já tá foda de aguentar
Rezando pra não acabar, acabado na sarjeta

(Depois que a noite chega, é aquilo, é)
(Em cada esquina, uma função, meu Deus)
(A noite é assim, mesmo, então, deixa rolar)
(Não dá mais pra colar, os pilantras vai embaçar)

(Depois que a noite chega, é aquilo, é)
(Em cada esquina, uma função, meu Deus)
(A noite é assim, mesmo, então, deixa rolar)
(Não dá mais pra colar, os pilantras vai embaçar)

O sujeito na sarjeta tá torto, mas se endireita
Ligeiro, fico na espreita, pronto pra derrubar
Largou sua moringa de pinga, veio na ginga, me xinga
E me dizendo: "não adianta rezar"
Agora vai (vai), tem corpo que cai, essa mandinga sai
Mas só quando começo a rezar o "creio em Deus, pai"
Ele se esvai e se dissipa feito fumaça
Essa ameaça é tipo pipa que foi cortada e cai
Muito obrigado, ó, Pai, livrai-me da fera maldita
Quantas frases benditas da minha boca saem?
Só assim entendi essas fitas
Mas quem acredita que invocando o bem com maldades, cai?
Melhorei da azia, os calafrios já passaram
Com as ruas vazias, meus manos logo me acharam
Pego o meu carro de volta, ligo o rádio e já era
E volto pra minha área, bem longe da besta fera
Vish!

(Depois que a noite chega, é aquilo, é)
(Em cada esquina, uma função, meu Deus)
(A noite é assim, mesmo, então, deixa rolar)
(Não dá mais pra colar, os pilantras vai embaçar)

(Depois que a noite chega, é aquilo)
(Em cada esquina, uma função, meu Deus)
(A noite é assim, mesmo, então, deixa rolar)
(Não dá mais pra colar, os pilantras vai embaçar)
Testi Rodrigo Ogi