Testo A Balada De Sacco E Vanzetti

Testo A Balada De Sacco E Vanzetti

Sim, Pai, eu estou na prisão Fala sem medo desta minha situação O meu crime é amar os deserdados Vergonha, mesmo, é ficarmos calados. Digo-te agora o que temos de enfrentar Uma arte antiga, uma arte secular Percorre os anos e hás de ver O que fez toda a História enegrecer Contra nós, temos a lei Com a sua imensa força e poder Contra nós, temos a lei! A polícia sabe o que fazer Para que um homem, culpado ou um inocente, possa ser Contra nós temos o poder da polícia! As mentiras descaradas dos homens, qual tesouro, Serão sempre pagas a peso de ouro Contra nós temos o poder do ouro! Contra nós temos o ódio racial E o simples facto de sermos pobres ? é fatal! Pai querido, eu estou detido Não te envergonhes de falar do crime cometido Crime de amor, fraternidade Vergonha é o silêncio, na verdade. A meu favor tenho a inocência, o amor O pobre, o trabalhador Que me dão força e segurança E uma enorme esperança Não é com dólares, não Que se faz uma revolta, uma revolução Com que se faz, então? Com amor, com sofrimento, luz, imaginação Fazendo do ser humano a nossa preocupação Não roubarás, não matarás Da esperança e da vida uma parte tu serás. É dentro de cada homem e de cada coração Que se faz a revolução Quando vejo as estrelas, fico convencida De que somos filhos da vida ?A morte é coisa pouca.
Testi di Dulce Pontes